sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O erro de amostragem do Ibope e a tungada em Dilma.


Leitor do blog do Paulo Henrique Amorim, em comentário devidamente identificado, apontou erro de amostra na pesquisa de intenção eleitoral divulgada nos últimos dias. Segundo ele, o Ibope praticamente duplicou o índice de eleitores com escolaridade superior. Segundo o TSE, apenas 6,13% do eleitorado brasileiro tem nível superior completo. Para o Ibope, contudo, este número pula para 13%.

O resultado da pesquisa deve ser interpretado então com bastante cautela pelos leitores. Contudo, a estratégia corriqueira de transformar as pesquisas de opinião - originalmente instrumentos de aferição de um cenário, uma fotografia, como costumam se referir alguns – em instrumentos de marketing, em indutoras do voto útil, não faz esta ressalva. Reproduzimos a seguir as ponderações para que o leitor do blog possa refletir sobre o assunto.
RELATÓRIO DA PESQUISA CNI/IBOPE DO PRÓPRIO IBOPE TEM COTAS DE ENTREVISTADOS COM CURSO SUPERIOR ACIMA DOS NÚMEROS DO IBGE E DO TSE. O IBOPE divulgou relatório com informações sobre as cotas de entrevistados e os números comprovam que na amostragem usada pelo IBOPE nas cotas referentes a escolaridade dos entrevistados existem diferenças muito grandes em relação aos números oficiais do IBGE e do TSE.
De acordo com o TSE a escolaridade do eleitorado brasileiro é de 6,13% de Analfabetos, 56,84% que só chegaram até o Ensino Fundamental, inclusive nas versões antigas, 30,71% que chegaram até o Ensino Médio e 6,20% que chegaram até o Ensino Superior, sendo que 0,12% não responderam a pergunta do TSE sobre escolaridade.

No relatório divulgado pelo IBOPE os números referentes a escolaridade das cotas dos 2.002 eleitores entrevistados na pesquisa são os seguintes: 32% de entrevistados que cursaram somente até a 4ª série, 22% de entrevistados que chegaram até a 8ª série com a soma dos dois ítens representando 54% dos entrevistados que tem escolaridade somente até o nível conhecido hoje como Ensino Fundamental.

Em relação ao Ensino Médio (antigo Segundo Grau) foi adotada uma cota de 33% de entrevistados da amostragem geral de 2.002 pessoas.
Nessas duas cotas as diferenças são pequenas, em torno de no máximo 3 pontos, mas com números apertados, como por exemplo no empate de 14% de Ciro e Dilma em uma das hipótese pesquisadas pelo IBOPE, eles fazem uma boa diferença.
Mas é na cota dos entrevistados por escolaridade com Curso Superior é que esta a diferença que provavelmente permitiu ao IBOPE ter números que certamente definiram a queda de Dilma e as subidas de Ciro e Marina,. De acordo com o relatório do IBOPE a cota de entrevistados com escolaridade a nível universitário na amostragem da pesquisa foi de 13%, enquanto que pelos numeros do TSE eles representam 6,2% dos eleitores brasileiros, ou seja o IBOPE praticamente somou os 6,13% de eleitores Analfabetos que fazem parte dos números do TSE com a cota real do próprio TSE de eleitores com Curso Superior e criou sua própria cota de entrevistados de 13% com Curso Superior.

Essa manobra com os números permitiu que candidatos, como por exemplo, a Senadora Marina Silva, na hipotese 19 na página 97 do relatório, tivessem 14% de intenções de votos entre os entrevistado com Curso Superior, 13% entre os entrevistados com escolaridade a nível de Ensino Fundamental e 8% com escolaridade a nível de Ensino Médio.
Supondo que o IBOPE utilizasse a cota real de entrevistados com Curso Superior do TSE, ao inves de entrevistar 263 pessoas que correspondem aos 13% com curso superior do total de 2.002 entrevistados da amostragem geral da pesquisa , que fizeram parte da amostragem do IBOPE, tivesse entrevistado 124 (6,2%) pessoas, nesse caso as intenções de votos de Marina Silva certamente cairiam praticamente para a metade dos números que ela conseguiu com a cota utilizada pelo IBOPE. Como a candidata Dilma Roussef teve uma intenção de votos de 34% pelos números do IBOPE na cota de entrevistados por escolaridade a nível de Ensino Fundamental e 18% a nível de Ensino Médio, levando em consideração que 6,13% da cota de Analfabetos estão na cota do Ensino Superior nos números do IBOPE, somando a isso o fato de que os Analfabetos fazem parte do contingente de eleitores, apesar de não serem obrigados a votar, o certo seria os Analfabetos não fazerem parte da amostragem ou serem incorporados aos que cursaram até a quarta série. Dessa forma os números certamente seriam maiores para Dilma e ela ao invés dos 14% que teve certamente teria tido de 16% a 17% das intenções de votos na hipótese pesquisada.
No item rejeição também a manobra dos números do IBOPE permitiu que fosse criado os 40% de Dilma Roussef, com a cota de entrevistados com Curso Superior em dobro ficou mais fácil chegar aos 54% de entrevistados com Curso Superior que responderam que não votariam em Dilma Roussef, se a cota fosse dos 6,2% referentes aos números do TSE, certamente que os 54% não existiriam e na média Dilma não chegaria aos 40%. Por outro lado o peso da cota em dobro ajudou a Senadora Marina Silva a ter uma rejeição menor entre os entrevistados com Curso Sperior e a tirar percentuais importantes de Dilma nas cotas por Ensino Fundamental e Médio fazendo a média da ministra subir nos números finais.

Finalmente é importante salientar que a pesquisa não incluiu a intenção de votos espontâneos, apenas na pergunta 17 na pagina 91 do relatório foi feita uma pergunta sem citar o cartão para escolha, mas a pergunta fala em “se os candidatos fossem estes”, o que significa que os eleitores leram os nomes dos candidatos de alguma forma, então que espécie de espontaneidade foi essa?

Infelizmente a pesquisa do IBOPE foi uma tentaiva de manipular os números e tentar convencer as pessoas, ou melhor influenciar a opinião pública, que o Presidente Lula não conseguirá ter retorno no apoio a um candidato, no caso candidata.
Flavio Luiz Sartori

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